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em torno das espacialidades e sexualidades Fevereiro 6, 2012

Posted by paulo jorge vieira in mestrado geografia.
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De repente ao simplesmente abrir um texto ficamos presos a algumas linhas. Aqui fica uma boa reflexão:

Os usos do espaço como variáveis de socialização conformam marcas para enxergar particularismos que estruturam a trama do que chamo “socializações lésbicas”. A organização espacial dos lugares guarda relação com os modos em que são usados culturalmente. Os lugares não são meros reservatórios inertes; são politizados, culturalmente relativizados, historicamente construídos e percebidos a partir de diferentes lugares em relação ao agenciamento que os atores fazem deles, ou seja, de acordo com as possibilidades de ação que supõe o uso desses lugares. O espaço possui uma polifonia de vozes que responde a uma espacialidade que na antropologia tem sido representada e questionada na fase da escrita etnográfica. Neste sentido os lugares além de habitar nas narrativas dos nativos e dos antropólogos são narrativas per se; falam a respeito das culturas que os habitam. Rodman (1992) usa as ferramentas da geografia de Vidalian que conceitualizam as tensões existentes entre a influência que o ser humano exerce sobre o meio ambiente e, reciprocamente, o impacto que o meio em sobre os indivíduos, sugerindo que essa tensão é compatível com a relação entre os indivíduos e as experiências que estes têm no espaço que habitam. Rodmam propõe um estudo multilocalizado no qual o lugar terá um duplo sentido: “como uma construção antropológica para um ‘cenário’ ou a localização de conceitos e como uma experiência socialmente construída e ‘espacializada’” (642). Falar em espaço e em lugar supõe lidar com duas concepções diferentes no que diz respeito ao locus social . Especificamente, o estudo de topografias sexuais, entendida neste sentido como a análise dos espaços onde se desenvolvem rotinas sexuais ou de sedução, serve-se da distinção relativa entre “local” (place), localização “cujo potencial significativo ainda tem que ser totalmente desenvolvido”, e “espaço” (space), que “emerge quando sobre o local são impostas práticas, quando formas de atividade humana impõem significados a uma localização dada e transformam o terreno ‘neutro’ em paisagem (landscape), isto é, em um particular ‘modo de ver’ ” (Leap 1999: 7). Esta distribuição não responde, – é claro, – a um arranjo estático, mas é “continuamente construída, negociada e contestada” (6). A multiplicidade de espaços dá lugar à multiplicidade de vozes (Massey 2005: 28), mas também as diferentes ópticas sobre o espaço (Amster 2008: 177). A demarcação do espaço supõe uma “reconceituação histórica, demográfica, geográfica e poética dos lugares sob a lupa de uma mudança do que significa centro e margem nas urbanizações” (Chisolm 2005: 10). Nas palavras de Rooke (2007: 233), “um apelo para imaginar a cidade de uma maneira que compasse os espaços urbanos vividos, percebidos e concebidos e a espacialidade das vidas queers”.

“A arquitetura do desejo: gramáticas espaciais e socializações lésbicas”, Andrea Lacombe

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