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[COMENTÁRIO] O Físico Prodigioso Setembro 26, 2023

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[COMENTÁRIO] 

⭐⭐⭐⭐⭐

“O Físico Prodigioso” 

Jorge de Sena 

Ensaísta, poeta e ficcionista Jorge de Sena usa de todo o seu traquejo e saber para escrever esta novela. Entre o fantástico e a novela histórica “O Físico Prodigioso” é uma novela fascinante escrita por Jorge de Sena em 1964, em Araraquara, cidade brasileira do estado de São Paulo, onde Sena viveu parte do exílio. 

Uma das principais características do livro é o estilo de escrita de Jorge de Sena, que é rico em detalhes e apresenta uma linguagem poética. O autor usa metáforas e imagens vívidas para descrever as vivência das personagens o que torna a leitura envolvente e cativante.

“O Físico Prodigioso” é uma leitura que vai além da ficção histórica mergulhando nas emoções e questões filosóficas das personagens. Este é um livro em que medicina, magia, religião, inquisição são temas de debate e discussão. Sendo que por vezes o referido debate é carregado de uma cuidada e tensa ironia. 

“O Físico Prodigioso” é uma obra-prima de Jorge de Sena e, em mim, deixa uma marca intensa de reflexão em cada momento que leio e releio esta obra. 

Destaco a cuidada edição que a @guerraepaz tem vindo a fazer da ficção e do ensaio de Jorge de Sena l, tornando disponíveis obras esgotadas. 

(li de 17/09/2023 a 19/09/2023)

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[COMENTÁRIO] Não saí da minha noite Setembro 24, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐⭐
“Não saí da minha noite”
Annie Ernaux
Tradução de Tânia Ganho

Ernaux será sempre uma das minhas escritoras. Texto limpo. Duro. Tocante. Transformador.

Fará 22 anos que descobri, num pequeno volume (a primeira edição de “Um Lugar ao Sol” seguido de “Uma Mulher*) Annie Ernaux. Fiquei deliciado e fui acompanhando as edições que a LIvros do Brasil fez da sua obra antes e depois do Nobel da Literatura.
Não espanta por isso que no dia em que surgiu nas livrarias um novo livro logo o tenha comprado, e no dia seguinte comecei a sua leitura.
Assumido fã da obra de Ernaux não deixo de me encantar com a sua destreza de, em tão poucas palavras nos impactar, de um modo emocional mas também intelectual.
“Não saí da minha noite” é um díário, um dilacerante diário sobre o processo que acompanha os últimos anos de vida da mãe de Ernaux. Diagnosticada com a doença de Alzheimer a sua progenitora é colocada num hospital geriartico.

Sabemos que está é uma doença terrível, cruel com quem dela sofre, e com os familiares e cuidadores da pessoa doente.  Neste texto simples mas profundo,  belo mas doloroso Ernaux provoca reações viscerais no leitor.
Apesar de pequeno este livro foi lido lentamente. Página a página.  Respirando. Reflectindo.

Aqui ficam uns pedaços que fui guardando:

“Evitar, ao escrever, deixar-me arrebatar pela emoção.”

“Existir é ser acariciado, tocado.”

“Quando escrevo estas coisas, escrevo-as o mais depressa possível (como se fosse errado) e sem pensar nas palavras que uso.”

“Não é literatura o que escrevo. Vejo a diferença em relação aos livros que já escrevi, ou talvez não, porque não sei fazer outra coisa que não esta, este desejo de salvar, de compreender, mas acima de tudo de salvar.”

“Quando escrevia sobre ela depois das visitas, não seria para reter a vida?”

(li de 07/09/2023 a 11/09/2023)

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[COMENTÁRIO] As Palavras da Noite Setembro 20, 2023

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[COMENTÁRIO] 
⭐⭐⭐⭐
“As Palavras da Noite” 
Natalia Ginzburg 
Tradução de Luísa Feijó 

No seu melhor estilo, na secura das suas páginas, “As Palavras da Noite” é um exemplo tenso da escrita e do estilo narrativo de Ginzburg. 

O estilo literário de Natalia Ginzburg é conhecido por sua simplicidade e clareza, que muitas vezes contrasta com a profundidade das questões abordadas em suas obras como seja neste caso a tensa teia das relações familiares.  A autora possui uma habilidade única de capturar a complexidade das emoções humanas e retratá-las de maneira subtil e impactante. 

Este livro tem por isso uma escrita precisa e concisa, sem artifícios ou excessos, com descrições  precisas e evocativas, permitindo que o leitor se transporte facilmente para o mundo que ela cria. Mundo esse que se apresenta com frases curtas e diretas, com uma linguagem acessível e despojada de adornos desnecessários.

Neste livro, mais uma vez Natalia Ginzburg  é mestre em retratar situações simples e aparentemente banais com profundidade e significado, revelando as subtilezas das relações humanas e das dinâmicas sociais. E aborda, intensamente, questões universais de uma forma pessoal e intimista, permitindo que o leitore se identifique com as experiências e reflexões presentes em suas histórias.

Em “As Palavras da Noite” Ginzburg presenteia-nos com uma combinação única entre simplicidade e profundidade, apelando a emoções e pensamentos que ressoam com o leitor mesmo após o término da leitura. Este, é pois, um daqueles livros que fica  connosco, ressoando intenso! 

(li de 16/09/2023 a 17/09/2023)

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[COMENTÁRIO] Vínculos Ferozes Setembro 18, 2023

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[COMENTÁRIO] 

⭐⭐⭐

Vínculos Ferozes

Vivian Gornick

Tradução de Maria de Fátima Carmo 

Este é o livro que nos últimos anos se destaca como um paradigma na escrita de memórias, uma obra sobre a vida de uma mulher oriunda de uma família judia pobre na Nova Iorque de meados do século XX. 

Um texto escrito a partir da experiência de uma jovem mulher e da relação, algo tempestuosa, com a sua mãe. Um livro sobre o crescimento e as mudanças que vivencia ao longo da vida na relação com a mãe, com as mulheres da vizinhança, com os homens que surgem na sua vida.

A verdade é que o ponto de partida parecia quase perfeito, mas a leitura desta obra, redescoberta recentemente, foi particularmente desinteressante. 

Nada me prendeu. A escrita é banal, sem nenhum rasgo que prenda o leitor. Pelo contrário arrastei me na sua leitura num dia de praia. 

Do mesmo modo, a vida “biografada e relembrada” nesta memória pareceu-me pouco digna de registo e, diria mesmo, banal. 

O texto vacila entre algures a descoberta da aprendizagem sexual e de género que se cruza com a origem étnica e religiosa. Mas fica muito por dizer. O texto nem chega a provocar a curiosidade. 

Quando olhamos para estas memórias a partir do recorte de classe e da importância da educação superior, da leitura e da literatura na construção desta biografia sentimos que poderiam ter sido bem mais explorados. Afinal é o acesso ao ensino superior e o crescimento intelectual que possibilita a escrita do próprio livro. 

Fica sempre tudo muito aquém… 

Sendo eu um leitor ávido de diários, memórias e biografias esperava desta obra um retrato de um espaço/tempo e de uma vivência biográfica interessante que infelizmente nunca surge ao longo destas páginas. 

Ainda assim pode ter sido uma leitura profícua para alguns de vós.

(li de 17/09/2023 a 18/09/2023)

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[COMENTÁRIO] Mundos de Fronteira Setembro 12, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
“Mundos de Fronteira – lugares e figuras da Europa Central”
Ilse Pollack
Tradução de João Barrento

Um profícua viagem sobre a cultura e a literatura da Mitteleurope, em especial em torno dos seus territórios limite, de fronteira.

Começamos com o território mais a este, a Galicia, hoje quase toda no território ucraniano, um espaco onde rudetas, polacos e judeus convivem durante o século XIX em tensão permanente.
É nessa tensão que surge uma plêiade de autores, na sua maioria judeus, de expressão alemã que marcam a literatura europeia durante o século XX. Ilse Pollack da particular atenção a Joseph Roth, mas escreve um interessante pedaço sobre Paul Celan.
Em torno dessa vivência de fronteira Pollack cita a seguinte frase de Roth, “toda a assimilação, por mais superficial que seja, é uma fuga, ou uma tentativa de fuga da triste comunidade dos perseguidos: uma tentativa de conciliar contrastes que, apesar de tudo, continuam a existir.”
Nos capítulos seguintes a viagem desloca-se para a Boémia, e para a sua capital – Praga – território fulgurante da literatura europeia, não fosse a a cidade de Franz Kafka. A riqueza dos comentários da obra deste autor (e de outros, como Rilke) e da vivência cultural desta cidade é particularmente interessante.

Por fim destaco o capítulo dedicado a Trieste, e o texto sobre o escritor sérvio de língua alemã (radicado na Áustria) Milo Dor. Este autor infelizmente não está traduzido em Portugal mas o modo como Pollack se refere a ele é à sua tensa biografia despertaram forte curiosidade.

Foi uma leitura de aprendizagem, com nova informação sobre um território europeu pelo qual tenho um grande fascínio.

(li de 03/09/2023 a 09/09/2023)



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[COMENTÁRIO] A Criada Zerlina Setembro 11, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
A Criada Zerlina
Hermann Broch
Tradução de Suzana Munoz, revista por António Sousa Ribeiro

Uma novela curta, que devorei!  Uma história ao gosto de fim de século XIX, cheia de infidelidades e tramóias provocadas por uma serviçal venenosa! Mas também com uma densa reflexividade que inunda de filosofia o texto.
Onde é que eu já li isto…

Bem a verdade é que um texto fulgurante em torno do desejo, do amor, da memória e do tempo.

Deixem-me partilhar convosco um pedaço que gostei muito:
“O esquecimento transporta o inesquecível nas suas mãos vazias, e nós somos transportados pelo inesquecível. Nós alimentamos o tempo, alimentamos a morte com tudo o que foi esquecido. Mas o inesquecível é um presente, é um presente que a morte nos dá, e no momento em que nós o recebemos estamos ainda neste momento aqui, onde nos encontramos, mas ao mesmo tempo estamos já além, lá onde o mundo se precipita na escuridão. O inesquecível é um pedaço de futuro, um pedaço do intemporal com que fomos presenteados antecipadamente, que nos transporta e suaviza a nossa queda nas trevas como se fosse um deslizar.
(…) O inesquecível é um momento de maturidade, produto de outros infinitos momentos, de infinitas semelhanças que o precederam, infinitamente numerosas, que os transportaram. É o momento em que sentimos que formando somos formados, fomos formados, que existimos. É perigoso confundir isso com o amor. ” (pp. 28/29)

(devorei a 11/09/2023)

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[COMENTÁRIO] Salvar o Fogo Setembro 7, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐⭐
“Salvar o Fogo”
Itamar Vieira Júnior

O manto protector da vida, da história, da memória, da saudade da família. É esse manto protector que Luzia faz seu mantra no caminho da vida.
Neste segundo romance, Itamar Vieira Junior mostra a maestria narrativa nos detalhes,  que enchem a estória de múltiplos significados e sentidos para o leitor fascinado. Um livro imperdível que devorei página a página.

“Salvar o Fogo” de Itamar Vieira Junior é um livro impressionante e profundamente comovente. Mergulha em temas complexos e urgentes da realidade brasileira, especialmente da população de raiz indígena e afro descendente, abordando questões como racismo, violência e desigualdade social.

O autor utiliza uma linguagem poética e envolvente que nos transporta para os territórios,  os ambientes e as vivências dos personagens. Um livro em que me senti sempre a aprender a partir desses “outros” que a história teima em invisibilizar.

“Salvar o Fogo” é um livro que desafia o leitor a confrontar sua própria posição de privilégio e a refletir sobre as injustiças presentes em nossa sociedade. A escrita de Itamar Vieira Junior é visceral. Diria mesmo visceralmente honesta, e desperta uma ampla gama de emoções ao longo da leitura.

Além disso, a obra aborda a importância das culturas indígenas e afro-brasileira e da necessidade de resgatar essas outras memórias e histórias, que foram apagadas ao longo do tempo. Faz isso a partir da história de uma família e de uma comunidade rural, com a construção perfeita de uma personagem tão especial de nome Luzia. Itamar Vieira Junior leva-nos a refletir sobre como a resistência cultural se consituiu como forma de afirmar a identidade e combater o racismo estrutural.

“Salvar o Fogo” é um livro que exige atenção e sensibilidade por parte do leitor, mas recompensa com uma narrativa poética que deixa uma marca profunda. É uma leitura essencial para quem deseja compreender as complexidades da sociedade brasileira e valorizar as vozes que foram historicamente silenciadas.

(li de 18/08/2023 a 20/08/20223)

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[COMENTÁRIO] A invenção da natureza Setembro 3, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
“A Invenção da Natureza – As Aventuras de Alexander von Humboldt”
Andrea Wulf
Tradução de Pedro Vidal

Alexander von Humboldt (1769-1859) é um daquelas figuras que me acompanha faz muito tempo Pelo menos desde o início dos anos 90 quando o “descobri” – ao cientista e à obra – nas aulas de Introdução à Geografia Humana. A introdução do livro “Cosmos: A Sketch of the Physical Description of the Universe” é um texto fundamental para entender as ciências da natureza e dos territórios e que vos aconselho a ler.

Andrea Wulf escreve uma informada e complexa biografia do cientista alemão dando particular atenção às viagens de exploração realizadas na América Latina ou na Sibéria entre tantos outros territórios.  Em quase 90 anos de vida Humboldt cruzou-se com Goethe, Napoleão Bonaparte, Simón Bolívar o Charles Darwin entre dezenas de cientistas, artistas e filósofos com quem trocou dezenas de milhares de cartas que escrevia freneticamente.

Humboldt foi, como demonstra Andrea Wulf, o construtor de uma abordagem pioneira e interdisciplinar para o estudo da natureza, que integrava elementos das ciências naturais, das ciências sociais e da geografia.
O cientista alemão acreditava que a natureza deveria ser estudada de forma holística, levando em consideração a interconexão dos vários aspectos do mundo natural. Ele defendia a ideia de que a compreensão da natureza não poderia ser alcançada apenas através do estudo isolado de disciplinas específicas, mas sim por meio de uma abordagem integrada. Foi, por exemplo, um dos primeiros cientistas a traçar meticulosamente mapas geográficos e a documentar as variações climáticas e de vegetação em diferentes regiões do mundo.

A autora salienta também o papel de Humboldt com um iniciador/defensor da conservação da natureza e da proteção ambiental, pois foi dos primeiros a reconhecer os efeitos prejudiciais das atividades humanas sobre o meio ambiente e alertou sobre a importância de uma abordagem sustentável na exploração dos recursos naturais.

Uma nota especial. É sabido que Humboldt terá sito um homem homossexual, tendo mantido relações intensas com outros homens que com ele colaboraram.  Andrea Wulf escreve sobre esse fato sempre mascarando o mesmo com referências pouco claras, empurrando Humboldt para um “armário” onde já não deveria estar. 

(li de 26/08/2023 a 02/09/2023. uma leitura para o #bingodonaleitura)

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“Proust e os signos” Setembro 3, 2023

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[DIÁRIO DE #LERPROUST]

A obra fundamental de Marcel Proust, “Em busca do tempo perdido” tem fascinado, ao longo deste século, inúmeros intelectuais, pensadores e filósofos que se deixaram encantar/seduzir pela escrita, pela narrativa, pelas ideias.

O filósofo francês Gilles Deleuze é um dos intelectuais que nunca deixou de pensar e de escrever a partir da obra de Proust. Em 1964 publicou o ensaio  “Proust e os signos”, que corresponde à primeira parte deste livro lido recentemente no âmbito da minha aventura #lerProust.
Nessa primeira parte, Deleuze analisa a obra de Proust como o relato de uma aprendizagem da decifração de sinais/sgnos.

Em 1970 o filósofo retornou a Proust e acrescentou ao livro uma segunda parte, “A máquina literária”, na qual ele investiga o sistema de referências e ressonância várias que enquadram “Em busca do tempo perdido” no sentido da sua reflexão rizomática.

Ao longo deste ensaio conceitos como tempo, (homo)sexualidade, sujeito, diferença, essência e Arte são temas tratados com a densidade que Deleuze marca a sua obra. Por isso mesmo este é um ensaio a que, sei, voltarei mais vezes.

(li de 20/07/2023 a 31/07/2023)

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[COMENTÁRIO] Apuntes de un cocodrilo Setembro 2, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
“Apuntes de un Cocodrilo”
Qiu Miaojin
Tradução ao castelhano de Belén Cuadra

“Quando regressava a casa depois do trabalho o corcodilo tirava o disfarce, suado e pegajoso, de pessoa.”
Uma obra que me deslumbrou pela dureza de algumas páginas.
Este livro da escritora de Taiwan Qiu Miaojin, publicado em 1994, é um intenso texto sobre resistência e descoberta queer numa sociedade profundamente conservadora e homófoba.
Sendo um livro centrado num grupo de jovens universitários em plena descoberta da sua sexualidade e do seu modo de amar e de se relacionar, tem, como particular destaque, a importância que a personagens feministas adquirem na narrativa.

Lazi, a narradora é uma densa voz que acompanhamos num meandro de aprendizagem e descoberta! Quando, tantas vezes a literatura LGBTI é construída no masculino, este livro apresenta um conjunto de vozes/personagens femininas que abrem e questionam o olhar sexista sobre a liberdade e autonomia sexual na sociedade de Taiwan.

O crocodilo do título representa esse processo de transformação pessoa e colectiva, esse processo de consciência da diversidade sexual e amorosa. Um procedimento de afirmação que passa, tal como o animal, por viver na margem da sociedade, e usando modos de proteção com múltiplas máscaras da sua identidade. É uma potente metáfora das vivência queer em sociedades conservadoras.

Esse mesmo grupo de personagens que vai construindo esta narrativa está imbuído de uma tristeza e melancolia que “inunda” as páginas do livro. Essa sensação, algo depressiva, fez com que o processo de leitura tivesse que se compassado de momentos de pausa e distanciamento.
Apesar destanecessidade de distanciamento esta foi uma leitura proveitosa que me fez viajar para um outro território, para uma outra sociedade, para outras vivências queer.

Gostaria de agradecer à @perpetuando.palavras a dinamização desta leitura no âmbito da iniciativa #perpetuandoaasia que me levou a fazer esta viagem por territórios da literatura asiática. 

Termino com uma frase provocadora que abre o último capítulo:
“No mundo real, a atitude amorosa não deve consistir na materialização de um ideal perfeito e eterno; mas sim assumir, uma e outra vez, a responsabiidade por um amor absurdo e incompleto”

(li de 13/08/2023 a 01/09/2023)

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