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[DIÁRIO] 18/04/2023 Abril 19, 2023

Posted by paulo jorge vieira in Uncategorized.
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[DIÁRIO]

Ontem estive de volta de várias da leituras que estou a fazer no âmbito do #lerProust. Acabei mesmo o primeiro volume dos sete do “Em busca do tempo perdido”.

Passado esse detalhe, ontem estive sozinho e fiquei pelo escritório a ler. Nos pedaços do tempo reparei no “íman” que comprei na Strand Bookstore, em NY (ver foto).

E dei comigo a pensar. Nos últimos anos entrei num processo – profundo e consciente – de isolamento e solidão. Gosto de estar só. Ou aprendi a estar só? Não sei.

Sempre fui um solitário. Desenraizado da origem de classe e território que deixou marca profunda, fiz do estudo, dos livros e da leitura o percurso para um lugar (físico e psicológico) diferente. Mas sempre senti a ausência dos instrumentos adequados de socialização e de pertença a um outro grupo social a que poderia – paulatinamente – ascender. Ou não, é talvez tudo isto seja um qualquer mito que Bourdieu explicou e sobre o qual Ernaux, Eribon e Louis têm escrito brilhantemente.

Hoje sei que tudo isso é quase nada. Que da solidão – e melancolia – em que vivo retiro a força que necessito. Hoje sei que a solidão dos tempos contemporâneos, o luto por aqueles que perdemos (real ou simbolicamente) é bem mais premente para me entender do que outros processos aparentes.

Por isso, é verdade o que refere o íman. Nunca me sinto só ao pé de um livro. Do livro certo que me tira da zona de conforto, do livro que me faz aprender, do livro que me faz sentir, do livro que me faz rir ou chorar.

E talvez por isso… não me sinto só.

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[COMENTÁRIO] Nada a temer Abril 19, 2023

Posted by paulo jorge vieira in literatura, livros.
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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐⭐
“Nada a temer”
Julian Barnes
Tradução de Helena Cardoso

Que tal começar com uma longa citação que nos “obriga” à reflexão:

“A ficção é feita por um processo que combina liberdade total e controlo absoluto, que equilibra a observação precisa e o jogo livre da imaginação, que utiliza mentiras para dizer a verdade e a verdade para dizer mentiras. É ao mesmo tempo centripeta e centrífuga. Quer contar todas as histórias em toda a sua incoerência, contradição e insolubilidade; ao mesmo tempo quer contar a única história verdadeira, a que se funde e refina e resolve todas as outras. O romancista é ao mesmo tempo um cínico reles e um poeta lírico… “

Julian Barnes é um escritor que me delícia com as suas múltiplas narrativas.
(aqui entre nós tenho mesmo que ler mais livros dele)
Neste volume, entre o ensaio e a memória, Barnes fala da morte, da nossa intrincada e difícil relação com a morte, a fé e o luto. E porque parte da lembrança dos pais este livro é um poderoso texto sobre a família. Sobre os seus pais, o seu irmão – o filósofo – e os seus avós, em especial o avô Bertie.

O brilhantismo da escrita, a reflexão culta, a narrativa cheia de humor fazem deste livro uma bela companhia neste dia em que círculo entre análises clínicas e hospitais.

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(li de 17/04/2023 a 19/04/2023)

[COMENTÁRIO] ALEC Abril 16, 2023

Posted by paulo jorge vieira in Jorge Christina Alves, literatura, livros.
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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐⭐
Alec
William di Canzio

E se 100 anos depois da escrita de um livro, com final bem aberto, alguém decidir escrever um novo livro (uma sequela) que continue a história/trama anterior?

“Alec” de William di Canzio é o exemplo disso. Alec é uma dss personagem principais do meu muito preferido “Maurice” de E. M. Forster. Nesta novela, editada em 2021, di Canzio narra o ponto e vista de Alec – o “namorado” de Maurice – continuando a trama. Se sabemos que aquele amor se constituía naquele tempo como um crime, ou o seu carácter de transgressão de classe social torna mais difícil a continuidade da relação, mas vais ser na rede de amizades que o casal  mantém em aberto a possibilidade do amor e da partilha de vida. Muito interessante a importância dada a este aspecto que sabemos é constituivo das identidades e comunidades LGBTI ao longo de todo o século XX. Salientaria o detalhe de, no livro de Di Canzio, Forster aparecer como personagem: é Morgan um dos amigos que protege a relação.

Outro elemento particularmente interessante de “Alec” é o modo como a I Guerra Mundial marca presença na construção narrativa e na dificuldade da vivência deste amor. Ao longo de páginas duras de escrita sobre a violência intensa deste conflito, a personagem Alec incorpora o heroísmo e a resistência que lhe era esperado. Em alguns momentos o livro parece ser um libelo crítico sobre a heroicidade e o militarismo.

Bem a verdade é que foi uma leitura maravilhosa (que tardiamente estou a partilhar convosco) que vos aconselho, especialmente se amaram a leitura de “Maurice”.

(li de 02/11/2021 a 06/11/2021)

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Duras e Ernaux Abril 16, 2023

Posted by paulo jorge vieira in diário, Feminismos, literatura, livros.
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[NOTA] Duras e Ernaux são duas das minhas escritoras preferidas.
É fácil identificar o muito que as separa. O tempo e os territórios em que viveram, a origem de classe são alguns desses elementos diferenciadores.
Mas para mim enquanto seu leitor existe algo que as aproxima intensamente. O modo como falam de si, das mulheres e da sexualidade das mulheres.
Ambas, Duras e Ernaux, falam da sexualidade e do corpo (feminino) com uma franqueza e um discurso que empodera o leitor. Ao ler os seus textos – estes são dois exemplos que gosto muito – percebemos o quanto mudou a percepção social e cultural da sexualidade  na segunda metade do século XX. Sabemos que essa mudança foi despoletada pela emergência de um novo discurso feminista, e pelo movimento LGBTI.
Em momentos diferentes, Duras e Ernaux são a voz – e o espelho literário – dessa libertação e dessa mudança de mentalidades.

Afinal como diz Gil Vicente  no cartaz o que interessa mesmo é a vida, vivermos a vida, e não a pressa de a vivermos. E Duras  e Ernaux mostram-nos a importância de viver a vida sem pressa.

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[diário] neuras de quinta feira Abril 13, 2023

Posted by paulo jorge vieira in Uncategorized.
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Como um relógio perfeito às quintas feiras fico particularmente tristonho. Uma estranha sensação, uma ligeira angústia.
Hoje lá está. Como tantas vezes

Mas o dia até que correu bem. O almoço foi divertido, com três pessoas lindas que os livros me deram a conhecer.

No trabalho tudo corre em “velocidade cruzeiro”, apesar de estar a ser uma semana particularmente exigente.

Agora, terminado o jantar e chegado à sala dei por mim a me questionar se leio hoje. Claro que nada me “obriga” a ler todos os dias a seguir ao jantar. Mas é hábito. E eu gosto de hábitos, da segurança que eles me asseguram, do ritmo que ajudam a criar.

Sinceramente não sei se vou ler. Logo verei. Acho que pego nos diários da Ti Virgínia para sorrir com os detalhes menos edificantes da sua vida. Ou então leio em voz alta um dos potentes e tocantes poemas de Maya Angelou.
Logo veremos…

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[diário] montes de livros Abril 13, 2023

Posted by paulo jorge vieira in Uncategorized.
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[DIÁRIO]

Um dos detalhes do meu modo de arrumar os  livros, e planear leituras, é que vou deixando montes de livros em muitos cantos de casa.
Um exemplo retirado da sala: em cima por detrás estão as leituras próximas do @vasco.breia – literatura modernista norte americana e, por detrás, a germânica. Em baixo do lado esquerdo estão os livros já lidos por mim em Abril com especial visibilidade para “A vergonha” de Annie Ernaux e as novas edições da @guerraepaz de Jorge de Sena. Do lado direito estão os três romances da @eucarlamadeira que, já me decidi, serão leituras a fazer proximamente. E mais a meio está uma caixa com várias leituras a fazer no âmbito da iniciativa #transmito (promovida pelo @2bejay).
Ontem à noite enquanto tentava ler um bocadito dei por mim a reflectir em relação a minha necessidade premente de arrumar, e de criar estranhas racionalidades na minha arrumação.
E vocês?  Caos ou ordem? Ou ambos?

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