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[COMENTÁRIO] O Físico Prodigioso Setembro 26, 2023

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[COMENTÁRIO] 

⭐⭐⭐⭐⭐

“O Físico Prodigioso” 

Jorge de Sena 

Ensaísta, poeta e ficcionista Jorge de Sena usa de todo o seu traquejo e saber para escrever esta novela. Entre o fantástico e a novela histórica “O Físico Prodigioso” é uma novela fascinante escrita por Jorge de Sena em 1964, em Araraquara, cidade brasileira do estado de São Paulo, onde Sena viveu parte do exílio. 

Uma das principais características do livro é o estilo de escrita de Jorge de Sena, que é rico em detalhes e apresenta uma linguagem poética. O autor usa metáforas e imagens vívidas para descrever as vivência das personagens o que torna a leitura envolvente e cativante.

“O Físico Prodigioso” é uma leitura que vai além da ficção histórica mergulhando nas emoções e questões filosóficas das personagens. Este é um livro em que medicina, magia, religião, inquisição são temas de debate e discussão. Sendo que por vezes o referido debate é carregado de uma cuidada e tensa ironia. 

“O Físico Prodigioso” é uma obra-prima de Jorge de Sena e, em mim, deixa uma marca intensa de reflexão em cada momento que leio e releio esta obra. 

Destaco a cuidada edição que a @guerraepaz tem vindo a fazer da ficção e do ensaio de Jorge de Sena l, tornando disponíveis obras esgotadas. 

(li de 17/09/2023 a 19/09/2023)

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[COMENTÁRIO] Mundos de Fronteira Setembro 12, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
“Mundos de Fronteira – lugares e figuras da Europa Central”
Ilse Pollack
Tradução de João Barrento

Um profícua viagem sobre a cultura e a literatura da Mitteleurope, em especial em torno dos seus territórios limite, de fronteira.

Começamos com o território mais a este, a Galicia, hoje quase toda no território ucraniano, um espaco onde rudetas, polacos e judeus convivem durante o século XIX em tensão permanente.
É nessa tensão que surge uma plêiade de autores, na sua maioria judeus, de expressão alemã que marcam a literatura europeia durante o século XX. Ilse Pollack da particular atenção a Joseph Roth, mas escreve um interessante pedaço sobre Paul Celan.
Em torno dessa vivência de fronteira Pollack cita a seguinte frase de Roth, “toda a assimilação, por mais superficial que seja, é uma fuga, ou uma tentativa de fuga da triste comunidade dos perseguidos: uma tentativa de conciliar contrastes que, apesar de tudo, continuam a existir.”
Nos capítulos seguintes a viagem desloca-se para a Boémia, e para a sua capital – Praga – território fulgurante da literatura europeia, não fosse a a cidade de Franz Kafka. A riqueza dos comentários da obra deste autor (e de outros, como Rilke) e da vivência cultural desta cidade é particularmente interessante.

Por fim destaco o capítulo dedicado a Trieste, e o texto sobre o escritor sérvio de língua alemã (radicado na Áustria) Milo Dor. Este autor infelizmente não está traduzido em Portugal mas o modo como Pollack se refere a ele é à sua tensa biografia despertaram forte curiosidade.

Foi uma leitura de aprendizagem, com nova informação sobre um território europeu pelo qual tenho um grande fascínio.

(li de 03/09/2023 a 09/09/2023)



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“Proust e os signos” Setembro 3, 2023

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[DIÁRIO DE #LERPROUST]

A obra fundamental de Marcel Proust, “Em busca do tempo perdido” tem fascinado, ao longo deste século, inúmeros intelectuais, pensadores e filósofos que se deixaram encantar/seduzir pela escrita, pela narrativa, pelas ideias.

O filósofo francês Gilles Deleuze é um dos intelectuais que nunca deixou de pensar e de escrever a partir da obra de Proust. Em 1964 publicou o ensaio  “Proust e os signos”, que corresponde à primeira parte deste livro lido recentemente no âmbito da minha aventura #lerProust.
Nessa primeira parte, Deleuze analisa a obra de Proust como o relato de uma aprendizagem da decifração de sinais/sgnos.

Em 1970 o filósofo retornou a Proust e acrescentou ao livro uma segunda parte, “A máquina literária”, na qual ele investiga o sistema de referências e ressonância várias que enquadram “Em busca do tempo perdido” no sentido da sua reflexão rizomática.

Ao longo deste ensaio conceitos como tempo, (homo)sexualidade, sujeito, diferença, essência e Arte são temas tratados com a densidade que Deleuze marca a sua obra. Por isso mesmo este é um ensaio a que, sei, voltarei mais vezes.

(li de 20/07/2023 a 31/07/2023)

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[COMENTÁRIO] Apuntes de un cocodrilo Setembro 2, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
“Apuntes de un Cocodrilo”
Qiu Miaojin
Tradução ao castelhano de Belén Cuadra

“Quando regressava a casa depois do trabalho o corcodilo tirava o disfarce, suado e pegajoso, de pessoa.”
Uma obra que me deslumbrou pela dureza de algumas páginas.
Este livro da escritora de Taiwan Qiu Miaojin, publicado em 1994, é um intenso texto sobre resistência e descoberta queer numa sociedade profundamente conservadora e homófoba.
Sendo um livro centrado num grupo de jovens universitários em plena descoberta da sua sexualidade e do seu modo de amar e de se relacionar, tem, como particular destaque, a importância que a personagens feministas adquirem na narrativa.

Lazi, a narradora é uma densa voz que acompanhamos num meandro de aprendizagem e descoberta! Quando, tantas vezes a literatura LGBTI é construída no masculino, este livro apresenta um conjunto de vozes/personagens femininas que abrem e questionam o olhar sexista sobre a liberdade e autonomia sexual na sociedade de Taiwan.

O crocodilo do título representa esse processo de transformação pessoa e colectiva, esse processo de consciência da diversidade sexual e amorosa. Um procedimento de afirmação que passa, tal como o animal, por viver na margem da sociedade, e usando modos de proteção com múltiplas máscaras da sua identidade. É uma potente metáfora das vivência queer em sociedades conservadoras.

Esse mesmo grupo de personagens que vai construindo esta narrativa está imbuído de uma tristeza e melancolia que “inunda” as páginas do livro. Essa sensação, algo depressiva, fez com que o processo de leitura tivesse que se compassado de momentos de pausa e distanciamento.
Apesar destanecessidade de distanciamento esta foi uma leitura proveitosa que me fez viajar para um outro território, para uma outra sociedade, para outras vivências queer.

Gostaria de agradecer à @perpetuando.palavras a dinamização desta leitura no âmbito da iniciativa #perpetuandoaasia que me levou a fazer esta viagem por territórios da literatura asiática. 

Termino com uma frase provocadora que abre o último capítulo:
“No mundo real, a atitude amorosa não deve consistir na materialização de um ideal perfeito e eterno; mas sim assumir, uma e outra vez, a responsabiidade por um amor absurdo e incompleto”

(li de 13/08/2023 a 01/09/2023)

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[COMENTÁRIO] A Ronda Setembro 2, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
“A ronda”
Arthur Schnitzler
Tradução de Manuel Resende

Um devaneio de sexo, luxúria e traição.

“A galdéria, o soldado e a criada, o jovem cavalheiro, a jovem senhora e o seu marido, este marido e a doce donzela — o segundo deixando a primeira pela terceira que sorri para o quarto e assim de seguida até ao conde que troca a actriz pela galdéria, fechando assim a ronda. O que leva estas personagens a agir assim?
Desde 1905 que circulavam rumores em Viena sobre uma obra «licenciosa» que Arthur Schnitzler teria escrito. Era A Ronda, que nenhum teatro se atreveu a encenar e começou por ser divulgada em edição de autor.
Foi preciso esperar por 1921, depois do colapso do Império Austro-Húngaro, para que a peça pudesse ser representada em Viena, causando grande escândalo.

“A Ronda” de Arthur Schnitzler é uma peça repleta de intriga e provocações. Escrita no final do século XIX, aborda temas como a infidelidade, a sexualidade reprimida e as convenções sociais. Tensa de sexo e de artimanhas sociais é um texto que se lê numa penada, preso o leitor nos diálogos…

A trama gira em torno de uma série de encontros amorosos entre um grupo de personagens, cada um envolvido de alguma forma em relacionamentos extraconjugais. A forma como Schnitzler explora as motivações e os desejos desses personagens é extremamente complexa, por vezes dúbia mas marcante e encantadora.

O que mais chama a atenção em “A Ronda” é a maneira como o autor problematiza – com umas risadas pelo meio – as convenções morais da época. Ao retratar a infidelidade e a busca por prazer físico, Schnitzler revela a hipocrisia e a falsidade das normas sociais que impunham no final do século XIX – e quem sabe também hoje – um comportamento repressivo.

Além disso, a técnica utilizada por Schnitzler, em que cada cena se conecta à anterior através de um personagem, cria um efeito de teia intricada em que todos são afetados pelas ações uns dos outros. Isso acrescenta um elemento de suspense e dinamismo à história, mantendo o interesse do leitor ou espectador.

(li de 01/09/2023 a 02/09/2023)

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[COMENTÁRIO] A Arte do Romance Agosto 3, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
“A Arte do Romance”
Milan Kundera
Tradução de Luísa Feijó e Maria João Delgado, revista por Inês Pedrosa

“A Arte do Romance” de Milan Kundera é uma obra fascinante que mergulha nas profundezas do universo literário a partir das reflexões em ensaios e entrevista ao autor checo. Esta leitura foi realizada no âmbito da iniciativa de homenagem ao autor entitulada #agostocomkundera que a @sandra.henriques.silva tem vindo a dinamizar.

No livro, Kundera explora em detalhe a essência e a importância do romance como forma de expressão artística construido a partir da sua prática de escritor e das suas leituras.

Kundera mergulha na análise dos elementos que compõem a narrativa, os personagens, a estrutura e a linguagem utilizada pelos romancistas. Ele examina o papel desempenhado pela ficção na compreensão da vida e da condição humana, tanto para o escritor quanto para o leitor.
Faz este processo com um conjunto de ensaios e entrevistas em que referencia múltiplos outras escritores, dando particular atenção à escritores do século XX da Mitteleurope. De entre estas Kafka e Hermann Broch são constantes presenças e elementos explicativos da teorização narrativa e literária que leva a cabo.

Um dos aspectos mais interessantes deste livro é a exploração da relação entre realidade e ficção. Kundera argumenta que a literatura – em contraponto à filosofia -, ao criar mundos imaginários, é capaz de revelar verdades mais profundas sobre a existência humana do que a própria “realidade”.

Este volume, “A Arte do Romance” é uma leitura essencial para amantes da literatura. Milan Kundera oferece uma visão perspicaz e provocativa sobre a “ideia” de romance que define como “a grande forma de prosa em que o autor, através de egos experimentais (personagens), examina até ao fim alguns grandes temas da existência.”

(li de 31/07/2023 a 03/08/2023)

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[COMENTÁRIO] Temporada de Furacões Julho 13, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐
“Temporada de Furacões”
Fernanda Melchor
Tradução de Cristina Rodriguez e Artur Guerra

Temporada de Furacões é um romance arrebatador, escrito por Fernanda Melchor, que aborda temas como violência, corrupção e desigualdade. Questões de sexualidade como violação, prostituição, homossexualidade e homofobia violenta são marca da construção deste livro de Melchor.
Por isso mesmo a obra apresenta uma narrativa intensa e perturbadora, que mergulha fundo nas profundezas da condição humana expressando uma violencia por vezes demasiado intensa.

Uma das grandes qualidades do livro é a sua linguagem rica e poderosa, que evoca imagens vívidas e emocionantes na mente do leitor. Melchor utiliza a escrita como um instrumento para transmitir a atmosfera hostil e cruel do cenário em que a história se passa. A construção das frases é eficiente e hábil, intensificando a sensação de urgência e apreensão.

A trama se desenrola em torno do brutal assassinato da bruxa conhecida como La Matosa, desencadeando uma série de eventos que revelam as camadas sombrias e perturbadoras de uma pequena cidade no México. A autora explora as relações complexas entre as personagens, traçando um retrato complexo da sociedade e destacando questões sociais e políticas pertinentes.

A obra apresenta cenas de violência e de sexo extremamente detalhadas e perturbadoras. Isso poderá ser um ponto negativo para aqueles que não estão acostumados com esse tipo de conteúdo? A mim pessoalmente cansou-me. A meio do livro já estava aborrecido e tive que fazer um esforço para me recentrar naquilo que que o livro tinha de melhor: a torrencial escrita visceral e crua que expressava uma densidade particular ao livro.

No cômputo geral, Temporada de Furacões foi um livro poderoso e impactante, que apresenta uma visão sombria e realista da sociedade mexicana contemporânea. A narrativa habilidosa e a abordagem corajosa dos temas tornam a obra uma leitura impactante e única.

(li de 27/03/2023 a 12/07/2023)

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[COMENTÁRIO] La Analfabeta Junho 30, 2023

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[COMENTÁRIO]
⭐⭐⭐⭐⭐
La Analfabeta
Agota Kristof
Tradução para o castelhano de Juli Peradejordi

Partindo da sua história pessoal, do exílio na Suíça francófona fugindo do Hungria estalinista, Agota Kristof escreve uma poderosa narrativa que nos desestabiliza no mais fundo âmago.

Estamos perante uma obra poderosa e inquietante que mergulha na complexidade da natureza humana. A história narra a vida de uma mulher nomeada simplesmente como A Analfabeta, que enfrenta o desafio de aprender a ler e escrever na idade adulta.

Kristof utiliza uma linguagem direta e crua, sem rodeios, para retratar a dura realidade da protagonista. No decorrer da história, somos confrontados com os temas da solidão, do deslocamento forçado, da luta pela sobrevivência e da busca por conhecimento.

A narrativa é intensa e repleta de emoção, nos levando a refletir sobre a importância da educação e o impacto que ela tem na vida das pessoas. A escrita de Kristof é hábil e envolvente, fazendo com que o leitor se sinta imerso na história e nas dificuldades enfrentadas pela protagonista.

“La Analfabeta” é um livro que nos lembra da importância de valorizar e apoiar aqueles que são privados de educação, e nos instiga a refletir sobre o poder transformador que o conhecimento pode ter na vida de uma pessoa.

Foi uma leitura cativante e provocadora, que  deixou uma marca intensa e que confirma Agota Kristof como uma das autoras mais especiais da minha biblioteca.

(li a 08/10/2022)

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[COMENTÁRIO] Ernie, David e Gal Maio 2, 2023

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⭐⭐⭐⭐⭐
“Ernie, David, Gal e outra gente do areal”
João Borges da Cunha

Um conto, um “chapbook”, uma folha volante, uma praia (na Argentina), um homem (muito) alto e duas crianças perdidas.
Para começar o objecto livro que li é belíssimo e frágil, como um livro de cordel. Mas esta iniciativa de publicação da Universidade Católica Portuguesa que espero seja de continuar, começou com um conto cheio de ternura e bondade humana.

Ernie é a criança perdida no areal da praia. Terá três ou quatro anos e tem dificuldade em se dar a perceber.
David é o seu irmão, algures no início da pré adolescência, mas que demonstra estar tão perdido como o novato.
Gal é a bondade encarnada num corpo masculino, musculado e alto que se dedica à colocar os “catraios” perdidos aos ombros, e que assim inicia esse ajuntar de pessoas e de intensa partilha que se chama “palmazo” e que entre barulho das palmas e dos gritos permite aos progenitores encontrar as crianças.

Mas neste caso a procura da família de Ernie e David não tem sucesso e fica por resolver, ou não, o que fazer? A providência, Saulina, a mulher de Gal é taxativa: “Miúdos abandonados não se leva para a polícia. Levam-se para casa.”

É nesta afirmação aberta que nos leva a pensar como este conto de João Borges da Cunha nos instiga a viajar além da história descrita e a aprofundar a reflexão…
Que belo livro e que bela história!

(li de 30/04/2023 a 01/05/2023)

[COMENTÁRIO] Nada a temer Abril 19, 2023

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⭐⭐⭐⭐⭐
“Nada a temer”
Julian Barnes
Tradução de Helena Cardoso

Que tal começar com uma longa citação que nos “obriga” à reflexão:

“A ficção é feita por um processo que combina liberdade total e controlo absoluto, que equilibra a observação precisa e o jogo livre da imaginação, que utiliza mentiras para dizer a verdade e a verdade para dizer mentiras. É ao mesmo tempo centripeta e centrífuga. Quer contar todas as histórias em toda a sua incoerência, contradição e insolubilidade; ao mesmo tempo quer contar a única história verdadeira, a que se funde e refina e resolve todas as outras. O romancista é ao mesmo tempo um cínico reles e um poeta lírico… “

Julian Barnes é um escritor que me delícia com as suas múltiplas narrativas.
(aqui entre nós tenho mesmo que ler mais livros dele)
Neste volume, entre o ensaio e a memória, Barnes fala da morte, da nossa intrincada e difícil relação com a morte, a fé e o luto. E porque parte da lembrança dos pais este livro é um poderoso texto sobre a família. Sobre os seus pais, o seu irmão – o filósofo – e os seus avós, em especial o avô Bertie.

O brilhantismo da escrita, a reflexão culta, a narrativa cheia de humor fazem deste livro uma bela companhia neste dia em que círculo entre análises clínicas e hospitais.

#livro #literatura #leitor #leitores #leitura #literaturabritânica

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(li de 17/04/2023 a 19/04/2023)