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[COMENTÁRIO] Sobre a Ilíada Setembro 27, 2023

Posted by paulo jorge vieira in Uncategorized.
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[COMENTÁRIO] 

⭐⭐⭐⭐⭐

“Sobre a Ilíada “

Rachel Bespaloff

Tradução de Filipe Jarro

Se Rachel Bespaloff acreditava e defendeu que “a leitura envolve necessariamente o leitor e “compromete-o” profundamente”,  as páginas deste livro foram um espaço/tempo de intensa aprendizagem e comprometimento. 

Neste pequeno livro, a filósofa francófona (ainda que a sua origem judaica advenha de terras búlgaras) problematiza a leitura da Ilíada questionando a intensa construção literária da obra, em especial na imbricada teia psicológica de personagens como Heitor,  Helena,  Aquiles e Príamo.

Ao longo deste volume dedica ainda bastante páginas a uma comparação bem rica com Tolstoi e a “Guerra e Paz” em que desmistifica e questiona os conflitos armados, nomeadamente as guerras. De salientar, que este texto foi escrito durante a II Guerra Mundial, no exílio que a autora teve nos Estados Unidos.  

No quadro geral a autora reforça  a importância da Ilíada de Homero, como uma obra literária que transcende o tempo e o espaço, uma obra atemporal que ainda é estudada e apreciada atualmente. 

Deixem me partilhar convosco alguns pedaços:

(sobre Heitor) “Homero quis que ele fosse inteiramente homem,  e não o poupou nem ao tremor do pânico,  nem à humilhação da cobardia.”

“Não é portanto a raiva de Aquiles,  mas sim o duelo de Aquiles e Heitor,  o confronto trágico entre o herói da vingança e o herói da resistência,  que na verdade constitui o motivo central da Ilíada,  e que comanda ao mesmo tempo a sua unidade e a sua progressão.”

“Aí onde a individualidade não se afirma debaixo daquilo que a esmaga,  a responsabilidade não acha onde se agarrar: esfia-se na gargalhada que aprova o triunfo da incoerência “

“A guerra faz-se, sofre-se, maldiz-se ou canta-se; tal como o destino,  não se julga.  Só o silêncio  lhe responde – ou antes a impossibilidade das palavras – e esse olhar por fim desencantado que Heitor moribundo lança a Aquiles”.

” A própria guerra é a via da unidade no gigantesco devir que cria, esmaga,  recria os mundos,  as almas e os deuses. “

Dirigindo-se a Priamo,  Aquiles afirma: “Deixemos dormir as nossas dores em nossas almas, seja a tristeza qual for.”

(li de 23/09/2023 a 25/09/2023, lido no âmbito da iniciativa #transmito dinamizada pelo @2bejay) 

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