jump to navigation

Sobre leituras e murros de Kafka Novembro 25, 2023

Posted by paulo jorge vieira in Uncategorized.
Tags:
add a comment

“Apenas deveríamos ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para que lê-lo?” 

Franz Kafka

Kafka que nos maravilhou na literatura com uma barata ou um processo sem nexo nem fim, esse mesmo Kafka nos provoca com esta afirmação.

Uma nota pessoal. Esta frase algo kafkiana na sua marca de violência incomoda-me. 

Mas… 

Num tempo de “confort readings” e “guilty pleasures” que espaço deixamos para leituras que nos dêem “murros no crânio”?

Pela minha experiência de leitura tenderia a dizer ao Franz, – ou K. – que a complexidade e a diversidade do que lemos hoje, abre muitos caminhos para entender que a leitura, como prática social e cultural é bem diferente do início do século XX. 

Mas gostaria, igualmente, de lançar o aviso de que necessitamos como pessoas, comunidades e sociedades de leituras que potenciem a transformação, que nos instiguem à reflexão e à mudança. 

Necessitamos de alguns “murros” que os levem a leituras que nos desestabilizam, que nos incomodam, que nos obrigam a pensar… 

#livro #literatura #leitor #leitores #leitura #hábitosdeleitura #kafka

(nl) o coro dos defuntos Janeiro 9, 2016

Posted by paulo jorge vieira in literatura, notas de leitura, Uncategorized.
Tags: , ,
add a comment

coro

uma toada beirã. um fulgor de “aquilino”. uma “estória” do final dos anos 60 até um abril de liberdade. uma leitura divertida. mas pouco mais do que isso.

o romance tem como título “o coro dos defuntos” sendo seu autor António Tavares, e partindo territorialmente de uma aldeia perdida algures nas serranias do concelho de Mangualde, assim se conta os quotidianos de mudança de uma ruralidade, em fim de ciclo, que hoje sentimos com aquela melancolia de outros tempos.

as multireferências históricas, culturais, sociais e políticas aliadas a uma “economia” das palavras com pequenos capítulos tornam particularmente “sui generis” a leitura. explicando: um jovem, com menos de 30 anos, mas com uma cultura acima da média teria que googlar pelo menos uma vez em cada página, tantas são as referências cruzadas.

na senda de outros anos o romance vencedor do prémio Leya de 2015 não me deu particular tesão a ler. o livro é escorreito, mas esta coisa dos prémios parece-me sempre estranha. fica sempre a dúvida.

“o coro dos defuntos”, António Tavares, Leya, 2015, 213p.

(nl) o modo de vida Janeiro 3, 2016

Posted by paulo jorge vieira in literatura, notas de leitura.
Tags: , ,
add a comment

mododevida

uma pequena novela publicada numa (falecida) editora de livros de ciência sociais escrita por uma cientista social.  assim se pode apresentar as 84 páginas deste pequeno, contudo instigante, livro.

uma novela cuja trama se enlaça na história de um casal (hoje pelos 70 anos de idade?) de académicos a partir do inicio dos anos 70 e das suas animadas vidas até algures nos anos 90. uma pequena história que percorre qualquer coisa como 20 no século XX , e onde os anseios (políticos, de carreira, de sexo) de uma classe média letrada da capital são analisados com o fulgor de um “insider”.

chama-se “o modo de vida” sendo a sua autora Maria Carlos Radich (historiadora e professora do ISCTE, especialista em história agrária). a edição é de 1998 e saiu na chancela da Celta Editora.

o modo de vida, Maria Carlos Radich, Celta Editora, 1998, 84p.